Nossa Senhora Aparecida: 300 Anos de Devoção

Introdução

Nossa Senhora Aparecida é a padroeira do Brasil e uma das devoções mais populares da Igreja Católica no país. Ela é venerada como uma manifestação da Virgem Maria, a mãe de Jesus Cristo, que intercede pelos fiéis junto a Deus. Neste artigo, vamos conhecer a história, o significado e os milagres de Nossa Senhora Aparecida, e entender como ela se relaciona com a doutrina e a tradição católicas.

A origem da imagem

A imagem de Nossa Senhora Aparecida foi encontrada no rio Paraíba do Sul, no estado de São Paulo, em 1717, por três pescadores que estavam encarregados de prover peixes para um banquete em homenagem ao governador da capitania. Depois de várias tentativas frustradas, eles lançaram as redes novamente e pescaram o corpo de uma imagem de terracota da Virgem Maria, sem a cabeça. Em seguida, pescaram a cabeça da mesma imagem, que se encaixou perfeitamente ao corpo. Depois disso, a pesca se tornou abundante e os pescadores interpretaram o fato como um sinal divino.

A imagem tinha cerca de 40 centímetros de altura e representava a Virgem Maria sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, com as mãos postas e o manto azul. Ela foi levada para a casa de um dos pescadores, onde as pessoas começaram a rezar e a pedir graças. A devoção se espalhou e a imagem passou a ser venerada em uma capela, depois em uma igreja, depois em uma basílica, até chegar ao atual Santuário Nacional de Aparecida, o maior templo mariano do mundo.

A data da aparição

A data exata da aparição da imagem no rio não é conhecida com certeza, mas há indícios de que tenha sido em outubro de 1717, pois foi nesse mês que o governador da capitania de São Paulo e Minas de Ouro, Dom Pedro de Almeida e Portugal, o Conde de Assumar, visitou a região do Vale do Paraíba, onde os pescadores trabalhavam.

A data de 12 de outubro foi escolhida como o dia de Nossa Senhora Aparecida em 1953, pelo Papa Pio XII, que também a proclamou padroeira do Brasil, atendendo a um pedido dos bispos brasileiros. Em 1980, o Papa João Paulo II consagrou a Basílica de Aparecida e declarou o dia 12 de outubro como feriado nacional. Em 2007, o Papa Bento XVI inaugurou a Tribuna Bento XVI e entregou ao Santuário o texto da Campanha da Fraternidade de 2008. Em 2013, o Papa Francisco visitou o Santuário e celebrou uma missa na ocasião dos 300 anos do encontro da imagem.

A cor da santa

A imagem original de Nossa Senhora Aparecida era de cor branca, pois era feita de argila e revestida de uma camada de tinta. No entanto, com o tempo, a imagem foi escurecendo devido à exposição ao fumo das velas, ao pó e à umidade. Além disso, a imagem sofreu algumas intervenções artísticas que alteraram a sua cor, como a aplicação de uma camada de tinta azul ultramarino, em 1834, e de uma camada de tinta marrom, em 1888.

A cor escura da imagem também tem um significado simbólico, pois representa a identificação de Nossa Senhora Aparecida com o povo brasileiro, especialmente com os negros escravizados, que a tinham como protetora e libertadora. A imagem de Nossa Senhora Aparecida é um símbolo da miscigenação e da diversidade cultural do Brasil, e um convite à fraternidade e à solidariedade entre todos os filhos e filhas de Deus.

O primeiro milagre

O primeiro milagre atribuído à intercessão de Nossa Senhora Aparecida aconteceu em 1732, quando um escravo chamado Zacarias, que pertencia ao capitão Silveira, fugiu e foi capturado. Ele estava preso por uma corrente de ferro que lhe prendia o pescoço e os pés, e seria castigado pelo seu senhor. No caminho, ele passou pela capela onde estava a imagem de Nossa Senhora Aparecida e pediu aos seus guardas que o deixassem rezar diante dela. Eles concordaram e o levaram até a imagem. Zacarias rezou com fervor e, de repente, as correntes que o prendiam se romperam milagrosamente, sem que ninguém as tocasse. Os guardas ficaram atônitos e Zacarias obteve a sua liberdade. Esse milagre ficou conhecido como "O Milagre das Correntes" e foi o primeiro de uma série de graças alcançadas por meio da devoção à santa.

A devoção dos fiéis

A devoção a Nossa Senhora Aparecida se espalhou por todo o Brasil e também por outros países, atraindo milhões de fiéis que buscam a sua bênção, o seu consolo e a sua proteção. Muitos fiéis testemunham os milagres e as graças que receberam por meio da intercessão da santa, e expressam a sua gratidão por meio de orações, cânticos, ofertas, promessas e romarias. O Santuário Nacional de Aparecida recebe cerca de 12 milhões de visitantes por ano, sendo o segundo maior santuário mariano do mundo, depois de Guadalupe, no México.

A devoção a Nossa Senhora Aparecida é baseada na fé católica na Virgem Maria, escolhida por Deus para ser a mãe de Jesus Cristo, o Salvador da humanidade. A Igreja Católica ensina que Maria foi concebida sem o pecado original, que é a desobediência de Adão e Eva que afetou toda a humanidade. Esse dogma, chamado de Imaculada Conceição, foi definido pelo concílio de Trento, em 1546, e confirmado pelo Papa Pio IX, em 1854.

 A Igreja Católica também ensina que Maria é a mãe de Deus, a virgem perpetuamente, a cheia de graça, a mãe da Igreja, a rainha dos anjos e dos santos, a medianeira de todas as graças, a advogada dos pecadores, a auxiliadora dos cristãos, a mãe da misericórdia, a mãe do bom conselho, a mãe do amor, a mãe da esperança, a mãe da paz e a mãe de todos os povos. Esses títulos expressam os privilégios, as virtudes e as missões de Maria, que é modelo de fé, de obediência, de humildade, de caridade, de pureza, de oração, de serviço, de sofrimento, de alegria e de glória.

A Igreja Católica também ensina que Maria foi assunta ao céu em corpo e alma, após o término da sua vida terrena. Esse dogma, chamado de Assunção de Maria, foi definido pelo Papa Pio XII, em 1950. A Igreja Católica celebra a festa da Assunção de Maria no dia 15 de agosto, e acredita que Maria continua intercedendo pelos fiéis junto a Jesus, seu filho e nosso irmão.

A devoção a Nossa Senhora Aparecida é uma forma de honrar e imitar Maria, que é a mãe de Deus e nossa mãe. A Igreja Católica distingue entre o culto de adoração, devido somente a Deus, e o culto de veneração, que é devido aos santos e às suas imagens e relíquias. O concílio de Trento afirmou que os santos, que reinam com Cristo, oferecem a Deus as suas orações pelos homens, e que é bom e útil invocá-los e recorrer à sua ajuda, que é bom e útil invocá-los e recorrer à sua ajuda e à sua intercessão. O concílio de Trento também afirmou que as imagens sagradas, dos santos e especialmente da Virgem Maria, devem ser expostas nas igrejas e nas casas, para serem honradas e veneradas, não porque se acredita que nelas há alguma divindade ou virtude, mas porque elas lembram os protótipos que representam, e estimulam os fiéis a imitarem os seus exemplos.

A devoção a Nossa Senhora Aparecida é uma forma de honrar e imitar Maria, a qual é a mãe de Deus e nossa mãe. Ela nos mostra o caminho da fé, da esperança e do amor, e nos convida a seguir Jesus, seu filho e nosso salvador. Ela também nos acolhe, nos consola, nos protege e nos socorre em nossas necessidades. Ela é a estrela da evangelização, a rainha da paz e a mãe de todos os povos. 

Ilustração hiper-realista inspirada na imagem de Nossa Senhora Aparecida, em uma igreja.

Nossa Senhora Aparecida é a padroeira do Brasil e uma das devoções mais populares da Igreja Católica no país. Ela é venerada como uma manifestação da Virgem Maria, que intercede pelos fiéis junto a Deus. Sua história, seu significado e seus milagres revelam a sua presença materna e amorosa na vida do povo brasileiro. Sua devoção se relaciona com a doutrina e a tradição católicas, que afirmam a dignidade, a pureza, a missão e a glória de Maria, a mãe de Deus e nossa mãe. Nossa Senhora Aparecida nos inspira a sermos discípulos e missionários de Jesus, a vivermos a fraternidade e a solidariedade, e a construirmos um mundo mais justo e pacífico.

Referência

1.       Concílio de Trento - Sessão XXV - Decreto sobre a invocação, a veneração e as relíquias dos santos, e sobre as imagens sagradas.